Lúgubre


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Transpiram os lírios
Nas covas profundas
Onde em terras fofas e revoltas
Os vermes fartar-se-ão
Diante do inesperado banquete

Na cerimônia fúnebre
Sob o escaldante sol do meio dia,
E a pouca distância dali
Sabiás gorjeiam
Em cerejeiras de flores alvas
Que tentam esconder de nós
O simbolismo
Do intransponível muro da morte

Nos galhos, sábios,
Os solitários pássaros
Persistem num canto triste
À medida que tudo assistem
-- sabem que o sussurro da morte
Somente a eles é dado ouvir --
Mas não se prendem aos murmúrios
E nem à saudade,
E que as linhas dos traços
E a ausencia da presença,
São meras lembranças
A habitar o peito do homem
Até que um dia se turvem
E se misturem às imagens do tempo.

Sacramentado, na terra
Bate-se a última pá
Sob a indiferença
E o displicente escarro do coveiro

-se faz hora de retornarmos
Para nossas casas -
E nesse curto trajeto
De passos lentos
E feições austeras
Por entre as alamedas
Que se cruzam fúnebres
Reverenciaremos a certeza
Do nosso maior legado;
- haverá um tempo que
Estes mesmos pássaros
Gorjearão para nós
No merecido dia
De nossa paz.

(véio china)


Autor(es): Véio China / Wasil Sacharuk