Marinheira
Quando for de tardezinha
Minha companheira
Na beira do rio,
Lá nas marinheiras,
Meus olhos vazios
Vão te espiar.
Lembra da lua saindo
Por trás da palmeira?
O Rio é profundo
E a dor, traiçoeira
Tem dedos macios
Pra me pentear.
Nunca matei passarinho
Esse é o meu segredo,
Que a água do rio
Não pode escutar.
Viver sem carinho
Me mata de medo;
Eu sei que outro bicho
Vai te cobiçar
Se a tua beleza
Adormece mais cedo,
Eu durmo com medo
De nunca acordar,
Pois o teu cabelo
Me escorre entre os dedos,
E a água dos rio
Vai te carregar
Acho que foi num domingo,
Foi num derradeiro,
que eu senti no cheiro
nascer meu penar,
um cego menino
vem me contar
trazendo a felicidade
Chegou um veleiro
Nas cores mais lindas
Desse mundo inteiro
Lá do terreiro
Eu pude avistar
Uma formosa senhora
De olhar estrangeiro,
Que o meu "Sete Estrelo"
Pretende ofuscar,
Que luz irradia,
Arde o seu cabelo
como um pesadelo
A me condenar
Mudaram o meu nome
Cortaram minha veia
E eu durmo com medo
De nunca acordar
Pois o teu cabelo
Me escorre entre os dedos
E a água do rio
Vai te carregar
Autor(es): Fausto Nilo / Fernando Falcão