
No Rancho Fundo
No rancho fundo 
Bem pra lá do fim do mundo 
Onde a dor e a saudade 
Contam coisas da cidade 
No rancho fundo 
De olhar triste e profundo 
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos d'água 
Pobre moreno 
Que de noite no sereno 
Espera a lua no terreiro 
Tendo um cigarro por companheiro 
Sem um aceno 
Ele pega na viola 
E a lua por esmola 
Vem pro quintal desse moreno 
No rancho fundo 
Bem pra lá do fim do mundo 
Nunca mais houve alegria 
Nem de noite nem de dia 
Os arvoredos 
Já não contam mais segredos 
E a última palmeira 
Já morreu na cordilheira 
Os passarinhos 
Hibernaram-se nos ninhos 
De tão triste esta tristeza 
Enche de trevas a natureza 
Tudo porque 
Só por causa do moreno 
Que era grande, hoje é pequeno 
Pra uma casa de sapê 
Se Deus soubesse 
Da tristeza lá da serra 
Mandaria lá pra cima 
Todo o amor que há na terra 
Porque o moreno 
Vive louco de saudade 
Só por causa do veneno 
Das mulheres da cidade 
Ele que era 
O cantor da primavera 
E que fez do rancho fundo 
O céu melhor que tem no mundo 
Se uma flor desabrocha 
E o sol queima 
A montanha vai gelando 
Lembra o cheiro da morena
Autor(es): Ary Evangelista Barroso, Babo Lamartine De Azevedo









