Baia

O Comedor de Calango e o Gerente da Multinacional


Imprimir canciónEnviar corrección de la canciónEnviar canción nuevafacebooktwitterwhatsapp


Na minha infância eu comia calango vivo
Comia calango seco, comia calango lá
Era buchudo que nem baiacu virado
Meu joelho era inchado de eu tanto caminhar
Mas no que a fome me batia era cegueira
Eu saía a fazer poeira
Pra caçar calango lá

Bicho ligeiro anda virado na cachorra
Corre mais do que uma porra
Era impossível de alcançar
Era preciso um bocado de inteligência
As armadilha e a paciência
Pra mode a gente almoçar

Matava o bicho com uma pedrada na cabeça
E pendurava ele na cerca
Pra carne poder secar
E a carne seca eu comia com macaxeira

E espantava a mosca bicheira
Que queria o meu jantar
Mas êita que é agora que eu me espalho
Que plantaram um fast food
Bem no meio do sertão
Larguei a calangada do balaio
E me juntei a fila armada
Pra fazer a refeição


Big calango com alface, queijo, pão com gergelim
Suco de xiquexique e eu sem capital
Pois é que agora nem caçar a gente pode
Porque foi privatizado pela multinacional

Acontece que o gerente do franxaize
Que contrata funcionário
Ouviu falar do meu nôrrau

E hoje eu ando caçando calango tanto
De freelance pago um lanche com o salário semanal
Deus me dê grana pra eu poder casar com Ana

Me dê poupança pra eu comprá-lhe as alianças
Sucesso pra eu me adaptar ao progresso
Caçando calango tanto, caçando calango lá


Autor(es): Mauricio Baia / Tonho Gebara