Joca Martins

Pelo Fio da Crina


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Fiquei no grampo do arame
Sem bênçãos pra um recomeço;
Perdi a sombra do mouro,
Achei meu mundo no avesso...

Não quis chorar e fui pranto
Quando entendi que era outro;
Igual no espírito livre,
Mas diferente no corpo.

Voltei só, um fio da crina,
Antes fui parte do mouro;
E ainda guardo os segredos
De pêlo, cascos e couro.

Pedi pras horas dos ventos
Que bordoneavam seu canto,
Pra repetirem minha prece
Sobre a saudade do campo.

Ou me levassem de volta
Banhado, aguada e coxilha;
Pela razão dos silêncios,
Que dormem junto à tropilha.

Onde abriguei tantas noites
E seus feitiços de lua;
Quando fui trança nos dedos
De alguma ‘santa charrua’.

Que talvez cuide do mouro
De mim, pra os olhos de tantos;
Apenas um fio da crina,
Que ficou preso num grampo.

E achou na sombra do arame
Seu próprio mundo ao avesso;
Pra o sereno, feito lágrima,
Benzer um novo começo.


Autor(es): Adriano Silva Alves