Sete Preces
Sete preces para evitar o que mereces
Para falsar se tu quisesses
Para emendar o que virá
Sete rezas numa só colher de chá
Boa cama, bom encosto e mau sofá
Sete pragas na postura das noitadas
Romarias, fandegadas má fortuna e mau pagar
Mau respeito, má alcofa, mau deitar
Mau emprego, má canseira e mau cear
Quer tu queiras, quer não
Os tempos são de continuar vão em vão
Pouco importa o quanto tinhas
Saqueado, sem espinhas, rico
Em suar e prendas minhas
Falas para mim,
Vês a todos com receios sem fim
Mas mal o vento muda a direcção
Do telhado chova a míngua
Pinga, como água de seringa
Sete preces para evitar o que mereces
Para falsar se tu quisesses, para emendar o que virá
Sete rezas numa só colher de chá
Boa fama, boa cura de erva má
Sete raios concentrados em favaios
Sete monumentos caios, sete agruras de assaltar
Sete formas de pôr esforço até errar
Sete noites de chuvada em alto mar
Quer tu queiras, quer não
Os tempos são de continuar vão em vão
Sem respeito ao quanto tinhas
Saqueado, sem espinhas, rico
Em suor, ideias minhas
Falas de mim
Tens o dom das maquineias sem fim
Ganhas vida a simular paixão
Só não podes é tratar da ferida
Que atormenta o calcanhar
Autor(es): Jorge Cruz