Soneto - XXV (ou O Jardim)


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De tudo que desejam, eu tenho e sorvo:
Amor, descanso, paz - também riqueza -
No rosto trago os traços da beleza
que até, para os deuses, sou estorvo...

A inveja cai em mim como uma Águia
a desejar me devorar nos altos picos,
mas meu couro em atrito com seu bico
vira ouro e eu, enfim, não sinto nada...

Meus talentos, podem ver, que são completos;
Nada devo aos mestres desse mundo,
nem a Deus, que me fez este obséquio...

Porém quando eu entro nos botecos,
que eu vejo o olhar do ser imundo,
percebo que não sou mais que um projeto...


Autor(es): Ely Cabral

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