Todo Dia Mais do Mesmo, Sem Você


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É difícil acordar de madrugada
E não ter a meu lado
Sujar a lembrança de um beijo doce
Num trago de um cigarro amargo

E a vida sem você
O tempo é tão abstrato
Os olhos castanhos tão vazios
Na luz de nada
De mais uma manhã...

Enquanto fervo a água fria
Pra fazer um chá
Colho no jardim a camomila
Espalho minhas ervas na água pra me acalmar

E tento preencher
Com um gole e mais uma mentira
Essa saudade densa e exata
Que sinto de você...

Vou pro banheiro e me esqueço
Por um momento de te esquecer e lembrar
A água fria molha
Minha epiderme, cabelos e pêlos
Muda meu respirar
Preciso resistir...

E a febre vai cedendo lentamente
Até parar...
O barulho da rotina vai sumindo
Consigo escutar
O que se move em mim:
O sangue morno que circula
E faz meu coração e pulsos pulsarem
O espírito que sustenta a carne
E me faz existir por mais uma manhã...

Reviro o guarda-roupa procurando algo
Que melhor se encaixe em mim
Me olho no espelho penteio os cabelos
Procuro o melhor ângulo pra me mostrar
Pra você...

Me visto com uma segunda pele de perfume
Vago pelas ruas
Espalho o meu cheiro
Pra você me notar
Saber que eu estive aqui
Uma vez mais...

Entro no Café Bar impaciente
Peço uma dose de vodka com gelo
Pra me acalmar...
O casal apaixonado da mesa da frente se beija
Embalados por uma canção que me faz lembrar
De você...

Acendo um cigarro
Trago a fumaça e solto no ar
Faço esse movimento, ato
Até cansar os meus pulmões...

E insanamente em desespero questiono ao ar
Pergunto: ?Como vais, por onde andas?
Queria te encontrar
Te ver mais uma vez...

E o dia se acaba
E se repete noutro dia tudo igual
E quando dou por mim
Estou questionando o ar mais uma vez...