Chico Buarque

Viver do amor


Imprimir canciónEnviar corrección de la canciónEnviar canción nuevafacebooktwitterwhatsapp

1ª versão*

Pra se viver do amor
Há que esquecer o amor
Há que se amar
Sem amar
Sem prazer
E com despertador
—como um funcionário

Há que penar no amor
Pra se ganhar no amor
Há que apanhar
E sangrar
E suar
Como um trabalhador

Ai, o amor
Jamais foi um sonho
O amor, eu bem sei
Já provei
E é um veneno medonho

É por isso que se há de entender
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que o amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio
Amar
É iluminar a dor
—como um missionário

* Para a peça Ópera do malandro 1977-1978

2ª versão*

Pra se viver do amor
Há que esquecer o amor
Há que se amar
Sem amar
Sem prazer
E com despertador
—como um funcionário

Há que penar no amor
Pra se ganhar no amor
Há que apanhar
E sangrar
E suar
Como um trabalhador

Ai, o amor
Jamais foi um sonho
O amor é feroz
Faz em nós
Um estrago medonho

É por isso que se há de entender
Que amar não é um ócio
Se precaver
Que amar não é um vício
Amar é um sacrifício
Amar é um sacerdócio
À luz do abajur

É por isso que se há de entender
Que amar não é um ócio
Se precaver
Amar não é um vício
O amor é um nobre ofício
O amor é um bom negócio

* Para o filme Ópera do Malandro de Ruy Guerra 1985


Autor(es): Chico Buarque