Pólvora Poética

A Vida Não É Bela


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Filho não da mais pra fingir que a vida é bela
Você cresceu pra saber que a gente tá em guerra
Ainda é jovem, mas já é homem suficiente.
Pra enxergar com clareza e ser consciente
Não da mais pra amenizar a dor e o tormento
Não posso fazer brincadeiras nesse momento
Dizer que essa violência não passa de teatro
Que ninguém sai ferido e é tudo ensaiado
Difícil manter a sua inocência e te proteger
Não da mais pra fingir, brincar de se esconder.
Enquanto eles torturam e matam nossa gente
Precisamos nos mover e seguir em frente

Porque essa guerra à gente tá perdendo filho
Olha pro nosso povo na beira do abismo
Entre a fome e o crime, a dor e a droga.
A escolha é limitada e sempre é imposta
Nosso lado é numeroso, mas desorganizado.
Tá todo mundo por ai perdido e muqueado
Muitos não sabem da declaração de guerra
Quando nos escravizaram e roubaram a terra.
Quando algozes foram postos como heróis
Desde então tudo que é nosso se destrói
Nossa vida, nossa historia, nossa cultura.
Que hoje vaga entre vielas, becos e ruas.

Filho lembra daquilo que eu lhe falava?
Dos monstros das historias que eu contava?
É não era tudo fantasia nem tudo fictício
Você vera que da realidade tem vestígios
Que cada homem tem dentro de si uma fera
Que se solta com a química ou copo de cerva.
Incentivado e financiado pelo nosso inimigo
De todas as formas nos colocando em conflito
Pra gente perder tempo, um contra o outro.
Pisando na cabeça pra sair do fundo do poço
E desse jeito filho a vitória fica mais distante
Como tirar o escravo do campo pra casa grande



Filho seja justo, mas cuidado com a ?Justiça?.
A justiça é gananciosa é ai que complica
Ela sempre vai pesar mais pro nosso lado
Não se entregue sempre que for injustiçado
Cuidado o jogo é do inimigo as regras também
Leia se informe pra não ser mais um refém
Trafique a informação, contrabandeei a cultura.
Assim filho finalmente vai acabar a ditadura
Espero que viva pra tomar o poder para o povo
Saiba que o poder é deles e de nenhum outro
Mas tome cuidado esteja sempre preparado
O inimigo volta com outra máscara disfarçado

Filho os papeis foram simplesmente trocados
Ainda somos perseguidos por capitães do mato
Ainda o senhor do engenho que quer nosso mal
Ou tanto faz se preferir chame de senhor feudal
Ou o primeiro a se intitular rei, mas tenha certeza.
Mudam as batalhas a guerra é sempre a mesma
Contra aqueles que se julgam serem superior
Aqueles que promovem a repressão e o terror
Eles querem nos ver no chão, mal remunerados.
Deve ser preguiça de limpar os próprios sapatos
Acreditamos: o que é do boy o pobre não come.
Por esse pensamento nós passamos fome

Filho desde criança te ensinam como servir
Sem questionar, sem aprender, sempre sorrir.
Enquanto os filhos deles aprendem a governar
Saber mentir, saber roubar, saber administrar.
Um dia, como todos, vou morrer não se iluda.
Espero que seja pela causa e a luta continua
Filho mesmo quando estiver sozinho perdido
Lembre-se do que lhe ensinei quando menino
Concentrar em seu propósito e ser senhor de si
Viva com honra regra que nunca deve infligir
Meu filho com essas palavras eu me despeço
Fiz tudo pelo seu bem é o que sempre espero


Autor(es): Pólvora Poética