Pólvora Poética

Não Se Vá


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Não, não, não, eu estou com um mau pressentimento.
Há algo estranho nas ruas, há algum movimento.
Não, não, não, hoje os ventos não trazem coisas boas.
E você sabe que quando eu me sinto assim não é atoa
São tempos de muita fé, dizia o sermão do padre.
Ouvi muitas coisas das vizinhas e de algumas comadres
Eu sei que você é amante da noite e ela te chama
Mas peço que me escute, tem que escutar quem te ama.
Não nego que divido sua criação com a rua, tenho ciência.
Mas eu também sou cria dela, e eu tenho mais experiência.
É recente a noticia do policial ferido em uma operação
Você sabe que eles nunca saem perdendo, vai ter retaliação.

E na madrugada você sabe que qualquer um vira suspeito
Não importa se você é ou não um homem de respeito
Quando digo que é suspeito não importando seus atos
Um olhar, um segundo e você passa de suspeito à culpado.
Não importa se você está na razão, sempre vai ser uma afronta.
Fique em casa hoje vamos conversar a janta está pronta
Eu sei você tem suas asas e quer por elas em movimento
Esse desejo que te consome de caminhar contra o vento
Esse lance de se mostrar duro na queda e ser resistente
Eu não nasci mãe, já passei por isso, sei o que sente.
Não me diga que as coisas mudaram que foi a evolução
Quando vejo o noticiário e as coisas estão na mesma situação

Não, não, não se vá.
Não, não, não se vá.

Não, não, não, você que não me olhe com essa cara.
Antes de você andar por ai, eu já andava nessa quebrada.
Quando vim pra cá não tinha ninguém, a historia é verdadeira.
Ergui o barraco pra você ser o príncipe do castelo de madeira
Não pense, nem por um segundo, que nossa historia é vã.
Hoje temos pouco é porque será grande nossa conquista amanhã
Temos que ter um papo reto, por favor, sem ideia torta.
Não faça como seu pai, não dizia nada e foi por essa porta.
Ele nunca me falava de suas ambições ou seus objetivos
Não dói que tenha me deixado, mas fazer isso com o filho.
Eu sei que você não gosta que fale assim dele na sua frente
Mas você se diz homem então é hora de ficar mais ciente

Saiba que a mulher que você olha e enxerga fragilidade
Lhe criou entre essas tantas e muitas outras dificuldades
Com dores no parto e ninguém segurou minha mão no momento
Seu pai? Seu pai estava no bar comemorando seu nascimento
Quando viemos do hospital ele não respeitou meu repouso
Queria te mostrar a todos os amigos, se dizia tão orgulhoso.
Recebendo elogios e presentes quem diria que um dia
Quem se mostrou tanto, fosse esconder que tem família.
Se um dia ele voltar, encontrar com você e pedir desculpas.
Dizendo que não tinha cabeça, era muito jovem, não se iluda.
Eu era ainda mais nova, e eu também não estava pronta.
Mas eu fiquei por aqui sozinha eu segurei todas as pontas

Não, não, não se vá.
Não, não, não se vá.

Não, não, não, não quero que você crie ódio por ele.
Mas tenho que garantir que nele você não se espelhe.
Você tem que estar a par, saber que o que ele fez não foi certo.
Você se parece tanto com ele não se sinta mal por ter afeto
Esse tipo de conversa necessária nunca é uma boa conversa
Não de os ombros dizendo que precisa pensar que vai nessa
Já pedi e peço novamente fique em casa estou com medo
Quero ficar tranquila sabendo que hoje você foi dormir cedo
A reciproca é verdadeira, pode dizer o que quiser, não importa.
Toda mãe não dorme enquanto não ver o filho entrar pela porta
Mil coisas passam pela minha cabeça, acordada a noite inteira.
Mil rezas e que deus te proteja, ajoelhada ao pé da cabeceira.

Veja bem, eu sei que sabe usar suas asas e sabe sair do ninho.
Mas não é falta de respeito eu sempre te olhar com carinho
Sou uma quimera a mistura de mãe leoa com mãe coruja
Não pense que não irei te proteger sempre, não se iluda.
Mas não confunda proteger com passar a mão na cabeça
Sempre deve ser correto até mesmo para quem não o mereça
Ser mãe também é uma forma de ativismo espero que entenda.
Como fui guerreira você também será um, nunca se renda.
Vão lhe ofertar o perigo, tome cuidado, farão propostas.
Tudo aquilo que desvirtuar o seu caminho de as costas
Agora chega de conversa sente a mesa e pare quieto
Depois que jantarmos tem sobremesa e é seu doce predileto

Não, não, não se vá.
Não, não, não se vá.


Autor(es): Pólvora Poética