
Quem Tem Boca Vaia Roma
(Matei vários nas batalhas, mas nunca falei de ódio
Ganhei vários nas batalhas, mas nunca falei de pódio)
Do morro do quadro pro mundo roubando a cena
Em meio aos enquadro oriundo e imundo de quem merecia algema
O tempo passa e é o mesmo problema
400 anos que savana sangra em meio aos risos das hiena
Então recolhe a linha que a minha é chilena
Repara e compara o que mídia mascara
E quem hoje relata não vive o problema
Então voltemos ao tema do inicio
Me desculpe qualquer dilema
Essa daqui eu fiz no hospício
Louco em meio a treta, pra acabar com a resenha
A lesão que trouxe a causa tipo Maria da Penha
Lenha o verso é fogo nesse lobo sorrindo
Que querem se passar por ovelhas, mas tem sangue nos caninos
Não passaram batido, então nem brota na base
Feridas da escravidão já não se curam com gaze
Inútil como a opinião de quem não vive a fase
Guarde suas frases de efeito
Pois eu sou efeito da frase
De onde eu vim andamos sempre pela fé né
Somente com ela pra vencer
Então pode avisar lá que eu 'to de pé
Pois a morte me fez viver
Por isso eu vim pra quebrar tabu, na margem
Contra as mídia que manipula essas reportagem
Viatura 'tá quase Uber, mas não é vantagem
Pois quando a pele é escura mano nada cancela essa viagem
Ainda somos mira, alvo e ira Educação? Gorjeta
Onde a bala perdida sempre acha a pele preta
Coincidência? Estranha essa treta
Tiros de borracha apagam historias de quem nem teve caneta
Êta, contra injustiça minha alma berra
Até que a própria justiça retorne a terra
Venci as batalha pois nasci na guerra
E quem tem boca vai a Roma
Quem tem peito enfrenta o César
Pode pá que isso me define vinde lá, rimar foi meu crime
Pó falar que daria um filme peço ao pai que sempre ilumine
Tão sublime esse fino fel
O inferno é tão visível
Então não me impeça de crer no céu
Yeah, hã fechamento só com a verdade
Então dane-se a politica
Eu falo de humanidade
A luz não foge das trevas por isso eu entro
O sistema é um monstro que se mata por dentro
E a ditadura é tipo a diabetes silenciosa
Vão dizer que é inofensiva até que seja desastrosa
Na prosa, o mundo é um zagueiro louco pra te ferir
Mas tipo Messi eu 'to no campo e me recuso a cair
E é bem nova geração Vinicius Júnior e Paquetá
Não adianta entrar no rap se não sabe pra que tá
Se não sabe o que por na track te peço pra se aquietar
Pois a lírica é engatilhada e já pronta pra te acertar
Mentes brilhantes, vem de onde 'cês nem acredita
Vim dar o xeque mate no rap, tipo Anitta
Várias barreiras pra quem se dedica
Mas hoje o flow é Roberto Carlos e nem a barreira fica
O MC que nunca ri Desabafando
Enquanto o verde e amarelo as ruas vão decorando
Até queria essa alegria de ver a copa chegando
Mas não da pra pintar a rua que ainda tem sangue dos meus manos
Ah difícil de recitar
É uma canção infantil, impossível de negar
E na ciranda cirandinha a sirene vem me enquadrar
Me mandando da meia volta sem ao menos me explicar
E eu naquela de vingar, nesse plano suicida
De mudar o mundo com a fé, papel caneta e batida
Quer saber em meio ao caos o que ainda motiva?
Me diz algo mais motivador do que não ter saída (ei)
Me diz, me diz
O meu socorro não vem aqui
Autor(es): Cesar Resende Lemos