Caetano Veloso

Vaca profana


Imprimir canciónEnviar corrección de la canciónEnviar canción nuevafacebooktwitterwhatsapp


Respeito muito minhas lágrimas,
mas ainda mais minha risada.
Inscrevo, assim, minhas palavras
na voz de uma mulher sagrada.

Vaca profana põe teus cornos
pra fora e acima da manada.
Vaca profana põe teus cornos
pra fora e acima da manada.

Dona das divinas tetas,
derrama o leite bom na minha cara
e o leite mau na cara dos caretas.

Segue a movida madrileña,
também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Pau punks, (*)
Picassos movem-se por Londres.

Bahia, onipresentemente,
Rio e belíssimo horizonte.
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte.

Vaca de divinas tetas,
la leche buena toda en mi garganta,
la mala leche para los puretas.

Quero que pinte um amor Bethânia,
Stevie Wonder, andaluz,
como o que tive em Tel Aviv,
perto do mar, longe da cruz.

Mas em composição cubista
meu mundo Thelonius Monk's blues.
Mas em composição cubista
meu mundo Thelonius Monk's

Vaca das divinas tetas
teu bom só para o oco, minha falta
e o resto inunde as almas dos caretas.

Sou tímido e espalhafatoso,
torre traçada por Gaudí,
São Paulo é como o mundo todo,
no mundo, um grande amor perdi.

Caretas de Paris e New York,
sem mágoas, estamos aí.
Caretas de Paris e New York
sem mágoas, estamos aí.

Dona das divinas tetas,
quero teu leite todo em minha alma,
nada de leite mau para os caretas.

Mas eu também sei ser careta
de perto, ninguém é normal.
Às vezes, segue em linha reta
a vida, que é 'meu bem, meu mal'.

No mais, as Ramblas do planeta,
orchata de chufa, si us plau.
No mais, as Ramblas do planeta,
orchata de chufa...

Deusa de assombrosas tetas,
gotas de leite bom na minha cara,
chuva do mesmo bom sobre os caretas.


(*) En referencia a Pino Daniele, Quico Pi de la Serra y Pau Riba.


Autor(es): Caetano Veloso