As Moças
As moças eram tristes como os pais
E tinham suas histórias muito iguais
No quarto o pai bebendo de fastio
Na sala a mãe rolando com o vadio
E as moças com pavor a se encolherem sob o cobertor
Com febre e frio
E um dia então cruzaram-se num bar
Estranhamente olharam-se no olhar
E como quem aceita um desafio
As moças num sinistro rodopio
A sós deram-se as mãos
E em se tocando foram mergulhando num vazio
Viveram desde aí, mais sós
Ficaram desde aí, brutais
E dentro deste amor feroz
Só buscavam paz
E um pacto fatal se fez
Em meio a festas saturnais
E a beira de um canal sombrio
Olharam longamente o rio
E foram-se pra nunca mais
Autor(es): Paulinho Soares / Paulo César Pinheiro