Barro Divino
Mesmo nas horas felizes, se as há
Alguma coisa é proibida
Posse impossível, distante, que dá
Sentido diferente à vida
O insaciável que existe na gente
Domina a nossa vontade
Triste final duma crença diferente
Diferente da felicidade
E sem saber até onde, o destino
É ou não o que se quer
Somos a lama, o barro divino
Que cada um julga ser
Na minha voz a cantar, corre o pranto
Dum ser que não se entendeu
E assim procuro encontrar o encanto
Que a vida p’ra mim perdeu
A revoltante maldade duns poucos
Espalha o ódio à sua volta
E faz da terra um inferno de loucos
Onde a razão se revolta
Pois quer se acredite ou não no destino
Todos seremos sem querer
Simples poeira de barro divino
Que cada um julga ser
Autor(es): Álvaro Duarte Simões