Cabeça de Vento
Lisboa, se amas o Tejo,
Como não amas ninguém,
Perdoa num longo beijo
Os caprichos que ele tem.
Faço o mesmo ao meu amor,
Quando aparece zangado,
Para acalmar-lhe o furor,
Num beijo, canto-lhe o fado.
E vejo todo o bem que ele me quer
Precisas de aprender a ser mulher!
Tu também és rapariga,
Tu também és cantadeira,
Vale mais uma cantiga,
Cantada à tua maneira,
Que andarem os dois ao lume,
Nesse quebrar de cabeça!
Que lindo enxoval de espuma,
Ele traz quando regressa:
À noite, é de prata o seu lençol,
De dia, veste o pijama de sal!
Violento, mas fiel,
Sempre a arrojar-se aos teus pés,
Meu amor é como ele,
Traz más e boas marés!
Minha cabeça de vento,
Deixa lá ser ciumento!
Autor(es): Armando Machado / Linhares Barbosa