Druantia
Traz os sinais da manhã e uma nuvem de segredos 
No cabelo um mapa para eu me perder 
Falou-me do clarear, deixei o canto dos medos 
Ai de mim que me esqueci do amanhecer 
Traz o voar das gaivotas e as marés por companhia 
Disse ao sol que fosse tardando em chegar 
Sabia ler o destino p´las venturas da magia 
E entender os arvoredos no seu vagar 
E a lua já deu a volta, já ninguém a vê sorrir 
Mas Druantia sabe onde ela vai ficar 
Deixou as marcas na areia, disse adeus e foi dormir 
Deixou um recado às ondas para nos contar 
Sabe os caminhos do fogo, sabe das falas da terra 
Sabe histórias que o mar sempre lhe contou 
Tem o calor de Novembro das fogueiras que há na serra 
Tem os Maios que Beltan já renovou 
E o sol espreitou de mansinho, fez de conta que não viu 
Que na areia havia marcas de outro querer 
E muito devagarinho, muito a medo lá subiu 
Com o sorriso de quem vem para surpreender 
E o tempo trouxe uma barca se calhar para nos levar 
A um porto onde o sol se vai esconder 
E a lua já deu a volta, muitas voltas há-de dar 
Dizem que ela volta sempre para nos ver
Autor(es): Sebastião Antunes
