Luís Represas

Fogo de Vista


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Os teus olhos são gaiatos
Pretos e mulatos
Gemas de ametista
Quentes como o sol de agosto
Quase fogo-posto
São fogo de vista

São perigosos como a noite
Alguém que se afoite
Fica sua presa
São dois caçadores furtivos
E os meus são cativos
Da sua beleza

Há um gotejar da luz
No canto do teu olhar
Como um rio que conduz
Da tristeza para o mar

Os teus olhos vagabundos
Luas de outros mundos
De outra eternidade
São como aqueles amantes
Que estando distantes
Choram de saudade

Os teus olhos de indefesa
São toda a tristeza
Do meu coração
São a luz dos meus ciúmes
São dois vaga-lumes
Cegos de paixão

Há um gotejar da luz
No canto do teu olhar
Como um rio que conduz
A tristeza para o mar