Ana Moura

Cantiga De Abrigo


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Vou esperar contigo.
E, se quiser tardar, o tempo foi meu amigo.
Prendo os ponteiros
Que o teu instante é meigo.

Vou mudar contigo.
E se puder escapar, teu corpo é meu abrigo.
Prendo-me ao peito
E em ti me desarraigo.

Repreendo a própria vida
Cada dia em que, iludida,
Me extingui a sós comigo
Sem guarida,
Mas sigo
Que em teu refúgio há fogo.

Se me chamares, meu nome seja aconchego.
Prendo-te aos braços e o nó que dou é cego.