Circo Incandescente
1 ? Circo Incandescente
(Gunnar Vargas)
Eu conheço uma mulata
Que é muito interessante
Chega sempre sorridente
E me pede um samba quente
Chega o dia, acaba a noite
E paro o samba descontente
Ela conta que o semblante
Já levou castigo ardente
Mas não arreia um instante
Sua palavra dissonante
Vai continuar bater de frente
Até quebrar essa corrente
E chuta o balde
Faz comício e ocupação
Já mandaram até prender
Mas pra ela não vai ter prisão
E solta o verbo
Enverga a viga e a direção
Já mandaram até bater
Mas com ela só se for na mão
Desceram a ripa
Sobrou facada e confusão
Mas até o amanhecer
Já tá de pé o barracão
Eu conheço uma mulata
Que me deixa reluzente
Quando conta delirante
Da batalha, da semente
E do circo incandescente
Que se forma no poente
Ela faz brotar enchentes
Que transbordam de repente
Olha tudo atentamente
E não aceita este presente
Espreme o suco da serpente
E traz a faca entre os dentes.
Violão e voz: Gunnar Vargas
Baixo: Reinaldo Chulapa
Bateria: Marco da Costa
Trombone: Bocato
Piano: Fernando Moura
Arranjo: Luiz Waack
Writer/s: Gunnar Vargas
