
Canção de Lisboa
Quando o fado era cantado
Pelas tabernas de Alfama
Ninguém diria que o fado
Viesse a ter boa fama.
Era a canção
Da bebedeira e do calão,
Da rufiagem, capelão
E dos fadistas de samarra
E mal diria
A Madragoa e a Mouraria
Quem em Lisboa inda haveria
Assim tal gosto pela guitarra.
Adeus tardes de toiradas
Com guitarras e cantigas
Adeus noites bem passadas
Com bom vinho e raparigas.
Hoje os fadistas
São tratados por artistas
E aclamados nas revistas
Com ovações delirantes.
Vestem do bom
E por ser chique e ser do tom
Já vão à tarde ao Odeon
Se as matinés são elegantes.
Hoje o fado já não tem
A rufiagem por tema.
Poliu-se, já é alguém
E até já vai ao cinema.
O fado agora
É pedido a toda a hora
E ouvido pelo mundo foraFernan
Com alegria e agrado
E há-de chegar
A Hollywood e ter lugar,
Pois não se ilude quem pensar
Que há-de ser grande o nosso fado.
Writer/s: Luiz da Silva Gouveia