Luis Goiano e Girsel da Viola

Ferreirinha


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Eu tinha um companheiro
por nome de Ferreirinha
nóis lidava com boiada
desde nóis dois rapazinho
fomos buscar um boi bravo
no campo do espraiadinho
eram vinte e oito quilômetros
da cidade de Pardinho

Nóis chegamos no tal campo
cada um seguiu pra um lado
Ferreirinha foi num potro
redomão muito cismado
já era de tardezinha
e eu já estava bem cansado
não encontrava o Ferreirinha
e nem o tal boi arribado

Naquilo avistei um potro
que vinha vindo assustado
sem arreio e sem ninguém
fui ver o que tinha se dado
encontrei o Ferreirinha
numa restinga deitado
tinha caído do potro
e andou pelo campo arrastado

Quando avistei Ferreirinha
meu coração se desfez
eu rolei do meu cavalo
com tamanha rapidez
chamava ele por nome
chamei duas ou três vezes
e notei que estava morto
pela sua palidez

Pra deixar meu companheiro
é coisa que eu não fazia
deixar naquele deserto
alguma onça comia
estava ali só eu ele
Deus em nossa companhia
veio muitos pensamentos
só um é que resolvia

Pra levar meu companheiro
vejam quanto eu padeci
amarrei ele pro peito
e numa árvore suspendi
cheguei meu cavalo em baixo
e na garupa desci
e com o cabo do cabresto
eu amarrei ele em mim

Saí praquelas estradas
tão triste tão amolado
era um frio do mês de junho
seu corpo estava gelado
já era uma meia noite
quando cheguei no povoado
deixei na porta da igreja
e fui chamar o Delegado

A morte desse rapaz
mais do que eu ninguém sentiu
deixei de lidar com gado
minha inclinação sumiu
quando alembro essa passagem,
franqueza me dá arrepio
parece que é friagem
das costas ainda não saiu


Writer/s: Carreirinha

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