Brasil Violeiro


Eu vejo o sol que invade
Tingindo o dia ou as matas
O céu que se mostra no azul, o verde da sapucaia
A espuma branca das águas caindo num véu de cascata

As palhas do buritizeiro dançando ao som das araras
A terra roxa e no cio esperando o golpe das enxadas
Nas mãos que labutam a terra
Numa vida consagrada

Eu vejo o raio de corisco
Os bois que se quietam no pasto
Prenuncio de chuva que chega
Para aliviar o cansaço
Novelo que a vida enrola
Nos versos eu desembaraço
Novelo que a vida enrola
Nos versos eu desembaraço

Eu vejo o povo nas ruas
Cortando cortinas de sonhos
Aquarelas de esperança
O sagrado e o profano
Trabalho, fé e folia
Cultura de tantos encantos

Sao negros, brancos e índios
Cimentos desta construção
Rei atos e bumbas-meu-bois
Os santos em devoção
Candomblé é catira e batuque
Usina da emoção

Eu vejo reis e rainhas
Maracatus e concados
O tambor batendo no peito
Gingando no mesmo compasso
Novelo que a vida enrola
Nos versos eu desembaraço
Novelo que a vida enrola
Nos versos eu desembaraço

Eu vejo uma arte do povo
Na tela do livro e na bola
Brilha o sol da liberdade
Calor que aquece e consola
Este meu brasil caboclo
Cantado na minha viola

Eu vejo florir os caminhos
De ouro e de pedra corada
Uma plantação de carinho
Um carro de boi na estrada
Pátria amada brasil
Chora viola encantada

Eu vejo chover no sertão
Terra boa e na ponta do laco
De repente ao som da viola
A lua solta no espaço
Novelo que a vida enrola
Nos versos eu desembaraço
Novelo que a vida enrola
Nos versos eu desembaraço

Novelo que a vida enrola
Nos versos eu desembaraço


Autor(es): Chico Lobo