Moverom-me Os Marcos
O amor para quen o cuide,
a terra para quen a trabalhe,
a vida é para vivê-la, ou nom?
Nom é tempo de covardes,
hai rapazes que nos miram,
nom terás nada de balde, ou si?
Hei ti, moverom-me os marcos,
queimarom-me as veigas,
colheita a perder.
Hei ti, também as tojeiras,
as fragas, os montes,
nom hai mais que arder.
Quando pensas que o vento amainou,
que haveria estrelas,
sempre no teu céu.
Que ese lume nom te vai queimar,
que atopas acougo,
perto deste mar.
Entom todo há cambiar,
voltarás á casa
com cinza nas mans.
Hei ti, moverom-me os marcos,
queimarom-me as veigas,
colheita a perder.
Hei ti, também as tojeiras,
as fragas, os montes,
nom hai mais que arder.
Ainda tenho caminhos para andar,
olhar para a frente, nada que perder.
Ainda tenho os caminhos para andar.
Aviso de longe... alguém vai arder!
Autor(es): Alberte Leis, Alfonso Collazo, Kátia Mera