Bagual Picaço
Pra domar um bagual picaço que beirava cinco anos
Crioulo ali dos queimados lindeiro da terra dura
Esse picaço afamado pingo de linda figura
Era o senhor das coxilhas sem nunca ter visto o laço
Tinha por cama as flexilhas o famoso bagual picaço
Trouxe junto com a manada da invernada capororóca
Bufando e corcoveando e coiceando na massaroca
E ao chegar na mangueira deixei a poeira baixar
Enquanto a peonada faceira mateava a te contemplar
Discussões e gargalhadas lá na frente do galpão
Gavolices e patacuadas das lidas de domação
Com jeito botei o laço golpeando senti o perigo
Aos coices e manotaço passei-lhe o pé de amigo
Arregalei as loncas do lombo daquele picaço enfame
Arcado que nem porongo que dá em cerca de arame
Alcei a perna seguro no Santo Antônio de prata
Já foi escondendo o quengo no meio das duas patas
Saiu berrando e corcoveando só ouvia o rangir dos bastos
Várzeas, canhadas e coxilhas cruzamos riscando os pastos
Ficamos horas extraviados pras bandas do boqueirão
Às vezes perto das nuvens outras pertinho do chão
Se debulhando o endiabrado do puarva madurão
Inté parecia um mandado que vinha rachando o chão
Entregou-se o rei das coxilhas e atende a qualquer upa
Ficou bueno de encilha e bem mansinho de garupa
Writer/s: Getulio Silva / Walther Morais