Carência


Chegamos tarde, vezes de mais
Ao que um dia sonhamos viver
Somos manadas de animais
Sempre distantes do que sabemos ser

E quando finalmente nos encontramos
E os olhares dão lugar às mãos
Descobrimos que nos transformamos
Num monte de futuros vãos

Somos projectos
Somos planos
Somos números
Mas com a alma vazia

A maior carência é a da infância
Que perdemos para fazer de adultos
A que trocamos pela ganância
E por outros pesadelos ocultos

Estamos perdidos
Abandonamos tudo lá atrás
Tememos a vertigem do desejo
E fugimos dos amores de verão


Writer/s: Farsa